BARRO

Cruzamentos Disciplinares, Arganil (2023)
Direção Artística: Filipa Francisco e Hugo Cruz

“Barro” é um projeto que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Arganil, a Mundo em Reboliço e diversas instituições locais de âmbito artístico, cultural e social. Com direção artística de Filipa Francisco e Hugo Cruz, foi desenvolvido ao longo de vários meses. Nele estão envolvidas associações e agentes culturais locais, assim como pessoas residentes no município com idades compreendidas entre os 10 e os 85 anos, num total de mais de 50 participantes.

Partindo do barro, da sua maleabilidade, e de objetos do nosso quotidiano com ele relacionados, neste espetáculo são convocadas memórias e sensações invisíveis para contar poeticamente histórias de uma terra, similar em alguns aspetos a tantas outras da história recente de outros lugares do país, reinventando o espaço-tempo do presente e procurando uma projeção no futuro destas comunidades. Mas “Barro” fala também de questões ambientais e políticas. Sobre o papel das fábricas nestes territórios, o processo de industrialização e a forma como a matéria barro foi central em determinadas zonas. Sobre o barro enquanto algo que tiramos à terra e que não sabemos devolver.

A ideia deste projeto surgiu na sequência de um trabalho iniciado em 2022 pelo município de Arganil no sentido de capacitar os agentes culturais e artísticos locais, assim como alargar o trabalho em rede nesta área. Um dos primeiros resultados deste trabalho foi a apresentação pública, em abril desse ano, da “Carta Cultural de Arganil”, elaborada pelos seus agentes e pela autarquia, em colaboração. Alguns dos aspetos identificados nesta carta referem a necessidade do desenvolvimento de coproduções que passem pela interação entre os agentes culturais e artísticos locais entre si, mas também uma programação cultural proporcionada por estes agentes em diálogo com propostas externas ao território e o desenvolvimento de ações de capacitação destes agentes nas diferentes fases da produção cultural.
Depois de um ciclo de formação levado a cabo pelo município, surgiu a ideia de fazer um espetáculo que implementasse na prática todos os conhecimentos transmitidos. É então que, a partir de um convite a Hugo Cruz e a Filipa Francisco, surge o projeto “Barro”.

A proposta do projeto passou por sugerir aos envolvidos que integrassem um processo de criação coletiva nas suas mais diversas dimensões – criação, produção, técnica, figurinos e cenografia. Foi estabelecido um espaço de experimentação que, em simultâneo, se pretende que sirva como capacitação, aprofundando o saber fazer local e estimulando o trabalho em rede.

O processo de criação passou por várias fases de trabalho. Uma primeira de carácter preparatório e de apresentação. Uma longa fase de investigação, na qual foram feitas entrevistas a antigos trabalhadores das cerâmicas, a pessoas relacionadas com o tema e a um historiador, bem como foram feitos levantamentos textuais e fotográficos. Depois, uma fase de diálogo entre esta investigação e os corpos dos participantes. Em seguida, chegou-se à partitura: como é que esta investigação já colocada nos corpos resulta numa dramaturgia com princípio, meio e fim. E, finalmente, os ensaios no espaço da Cerâmica Arganilense.

Nos ensaios foram utilizados argila, telhas e tijolos como estímulo para despertar uma série de improvisações e de narrativas, não só orais, mas também do corpo. Isto permitiu criar imagens que constroem poeticamente o espetáculo.

Resultado de um trabalho de cocriação com um grupo nuclear de intervenientes, “Barro” convoca áreas de criação distintas, como dança, teatro, música e vídeo, para propor aos espetadores um percurso enraizado no espaço da antiga fábrica. Neste, a matéria barro, seja ele cozido, seja ele ainda por cozer, é pretexto para propiciar encontros improváveis e para reinventar o que tem sido a relação dos humanos com o barro, a terra e a natureza.

Datas de Apresentação: 1 e 2 de Julho, 2023
Local: Cerâmica Arganilense, Arganil 

Ficha Técnica:
Concepção e Direção artística: Filipa Francisco e Hugo Cruz
Direção Musical e Composição: André Nunes
Assistente Direçāo Artística: Pietro Romani
Cocriação e Interpretação:
Abel Fernandes, Adrião Marques, Ana Fonseca, António Figueiredo, Armando Bernardo, Aurora Martins, Carlos Doles, Carolina Carvalho, Carolin Hempel, Constança Gonçalves, Diana Manso, Érica Brisida, Fernando Soares, Guida Marques, Inês Correia, João Pinto, Julix, Lara Gonçalves, Leonor Tapernoux, Liliana King, Mara Brisida, Maria Ausenda, Maria Graça Moniz, Tamzin Hurley, Tereza Madeira, Tiago Vicente, Valdemar Castanheira

Com a participação especial de
Atelier do Piano, Grazhoper, Grupo Folclórico da Região de Arganil, Patinagem Artística Roller Dance, RIJu - Rancho Infantil e Juvenil de Côja, Tomé Chatillon, Zés Pereiras do Sarzedo

Direçāo Técnica: João Chicó
Vídeo-documentário: Miguel Canaverde
Fotografia: Bruno Simão
Assessoria de Imprensa: Levina Valentim
Redes Sociais: Eduardo Quinhones Hall
Direção de Produção: Rita Maia
Produção Local: Daniela Santos
Difusão e Produção: Mundo em Reboliço
Entidade Promotora: Município de Arganil
Agradecimentos Academia Condessa das Canas, Associação Filarmónica de Arganil, Associação Filarmónica Barrilense, Associação Filarmónica Pátria Nova de Côja, C.U.M.E, RIJu - Rancho Infantil e Juvenil de Côja, TEIA, Trust Collective, Tuna Popular de Arganil, União de Freguesias de Côja e Barril de Alva, Bernardo Chatillon, Manuela Filipe, Nelia Calvinho, Rádio Clube de Arganil
Entrevistados no Processo de Pesquisa
António Figueiredo, António Fróis, Fernando Amorim, Fernando Soares, Maria Odete Soares, Nuno Mata, Valdemar Castanheira 

ART AND PARTICIPATION

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